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Laringotraqueíte: uma nova ameaça para o produtor de frangos

Neste segundo semestre, muito se tem falado sobre uma doença que acometeu os frangos de corte, mas que vem de longa data ocorrendo em poedeiras e reprodutoras em alguns estados brasileiros: a Laringotraqueíte Infecciosa das Aves (LTI).

Causada por um herpes vírus, manifesta-se por meio de sintomas respiratórios com tosse, secreção nasal sanguinolenta e/ou fibrinosa, espirros e dispneia acentuada em sua forma aguda. Também pode ocasionar inchaço no seio infraorbitário e na conjuntiva, causando conjuntivite e sinusite. 

Em poedeiras e matrizes, provoca queda na produção de ovos e pode resultar em alta mortalidade. A forma moderada ocasiona diminuição na produção de ovos, que pode variar de 5% a 15%, sem alteração das características da casca do ovo. Na forma severa, a mortalidade varia de 10% a 20% podendo chegar a 70% em alguns casos.

Este ano, no país, a Laringotraqueíte Infecciosa das Aves (LTI) veio associada, em muitos casos, à Bronquite Infecciosa (Cepa Massachussets) e variantes, apresentado mortalidades de campo entre 8% e 15%, podendo atingir porcentagens ainda mais altas. Além dessas aves, a LTI pode afetar faisões, pavões e perdizes.

A LTI foi diagnosticada em solo brasileiro em 1974. Porém, a primeira epidemia severa ocorreu no Estado do Rio de Janeiro em poedeiras comerciais nos anos de 1981 e 1982.  

Em 2002, foram detectados vários surtos na região de Bastos, em São Paulo, o que levou a Secretaria da Agricultura do Estado a implementar um rigoroso programa de controle, com o isolamento da região e a introdução de um programa de vacinação acompanhado de um programa de vigilâncias ativa e passiva no chamado “bolsão” de Bastos. 

Em 2009, identificou-se surtos em Guatapará/SP (a 300 km de Bastos) e, em novembro de 2010, foi a vez de Itanhandu/MG, levando à implementação de programas de controle nessas regiões semelhantes aos adotados em Bastos. A partir daí, casos isolados da doença surgiram em outros estados.

A Laringotraqueíte Infecciosa das Aves (LTI), principalmente quando associada a Bronquite Infecciosa, causa  condenações no abatedouro por aerossaculite e/ou septicemia  que variam de 3% a 30%, dependendo do cenário de manejo e biosseguridade de campo e medicação realizada. 

As medicações têm por objetivo reduzir a mortalidade e minimizar o impacto no bem-estar animal, mas isso aumenta significativamente o custo de produção. 

A prevenção é feita por meio de rigorosas medidas de biosseguridade, pois o vírus é transmitido por meio de secreções de aves contaminadas e de materiais provenientes de granjas onde existam a presença do vírus. 

Os lotes são vacinados no incubatório com vacinas recombinantes e deve-se fazer monitoria com PCR (Teste que mede a Reação em Cadeia da Polimerase)  em todos os lotes da região de risco. 

Aqueles com sinais clínicos precisam ser abatidos no final do dia e, para os lotes que apresentarem positividade no PCR, mesmo que vacinados, torna-se necessário adotar os períodos de vazio mais longos e uma rigorosa desinfecção das instalações. Vacinas vivas não são permitidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, a não ser em casos especiais. 

Foto: Ligados & Integrados

Além de redobrar os cuidados com a biosseguridade, o produtor de frangos deve chamar o veterinário imediatamente quando perceber sintomas respiratórios e queda de postura (em  reprodutoras e poedeiras) para que medidas de contenção sejam adotadas o mais rapidamente possível e porque a enfermidade pode confundir-se com Doença de Newcastle e com Influenza Aviária. 

As empresas integradoras e cooperativas devem testar todos os lotes de frangos e de matrizes nas regiões onde esteja ocorrendo a circulação viral.  No caso de produtores de galinhas poedeiras, todas as aves devem ser vacinadas e testadas periodicamente pois, como são criados lotes de múltiplas idades em uma mesma granja, a ocorrência de surtos será desastrosa para a empresa e a eliminação do vírus será muito mais difícil uma vez que o vírus permanece latente durante longos períodos. 

Como existem várias regiões avícolas com alta densidade de aves e com diversas empresas atuantes, é imprescindível que as mesmas atuem conjuntamente adotando programas de vacinação semelhantes e notificando os vizinhos sobre a ocorrência de casos em suas empresas. 

“A avicultura brasileira está madura o suficiente para fazer isso e é dever de todos trabalhar em conjunto nos temas sanitários, pois o problema de uma empresa hoje poderá ser de outras amanhã. Agindo dessa maneira, estaremos protegendo a sanidade dos nossos plantéis e o status sanitário do Brasil”

Ariel Mendes

No Ligados & Integrados, o colunista Ariel Mendes traz outros artigos que aprofundam ainda mais o conhecimento sobre manejos eficientes e sustentáveis na produção animal. Clique aqui e confira!

Fonte: Ligados e Integrados. Disponível em: https://ligadoseintegrados.canalrural.com.br/especialistas/laringotraqueite-uma-nova-ameaca-para-o-produtor-de-frangos/

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